II Aberto do Brasil de Maringá - Um quarteto extremamente bruto

Texto de Roger Minks sobre a participação do CXIFSUL no II Aberto do Brasil de Maringá:

Foi, depois do XII Torneio Internacional da Festa Uva, o torneio mais forte que a equipe do Clube de Xadrez IFSUL participou. Foram 9 rodadas, 5 dias de torneio, de 05 a 12 de agosto, e vários enxadristas renomados. É claro que esse cenário produziu partidas de alto nível, além das sempre presentes capivaradas.

O CXIFSUL foi representado Anderson Donay, Bruno Teixeira e Gustavo Cardoso, além do cronista que tece estas linha. Nós dividimos a lista de emparceiramento com nomes como GM Sandro Mareco, GM Krikor Mekhitarian, GM José Cubas, GM Everaldo Matsuura, MI Roberto Molina, MI Dragan Stamenkovic, MI Edson Tsuboi, MF Luiz Guilherme Adballa, MF Alvaro Aranha Filho, MF Francisco Cavalcanti, MF Alfeu Bueno, MF Lidio Delgado, dentre outros. Confira abaixo as estatísticas do torneio, retiradas do Chess Results:

Federation statistics

No.		FED	Federation	Count
1		ARG	Argentina	1
2		BRA	Brazil	245
3		PAR	Paraguay	3
4		SRB	Serbia	1
5		USA	United States of Americ	1
Total				251

Title statistics

Title	Count
GM	4
IM	4
FM	11
WFM	2
CM	2
Total	23

Game statistics

Round	White wins	Draws	Black wins	Forfeits	Total
1	57	5	50	3	115
2	49	17	56	1	123
3	47	24	51	1	123
4	61	20	41	0	122
5	59	24	38	1	122
6	55	29	37	0	121
7	43	27	51	0	121
8	43	29	47	1	120
9	45	39	34	0	118
Total	459	214	405	7	1085

Tendo em vista a busca pelos ratings de Gustavo e Bruno e a perspectiva de ganhar ELO FIDE para mim e para Anderson, desde junho vinhamos nos organizando para participar desse torneio. Sempre é bom ver de pertinho os mestres em prática.

Nós, acompanhados pelo Coordenador de Projetos Culturais do Campus Pelotas, Ricardo Nogueira, partimos de Pelotas em 07/08. Como já era mais do que previsto, o caminho até Porto Alegre foi regado de muita jogatina dos joguinhos auxilares do Clube: Truco e Uno. Abusando um pouco da minha autoridade de presidente do Clube, ainda hei de proibir a prática do Uno nas viagens do Clube se os meninos continuarem se articulando em manobras pouco amistosas para impedir que vença uma partida sequer.

O embarque no Aeroporto Internacional Salgado Filho pode ser o responsável por como as coisas se desenrolaram nos dias seguintes: Gustavo devia embarcar pela porta dianteira do avião, mas embarcou pela traseira, o que deu margem para as exotéricas especulações de Anderson sobre o efeito borboleta. Evidentemente, a alegação de Gustavo ter atrapalhado o caminho natural do destino nada mais foi do que prévias desculpas para eventuais fracassos ou desgostos - e foram muitos! Contudo, logo no avião, as surpresas já surgiram. Com cerca de 10 minutos de voo tivemos que retornar a Porto Alegre devido a problemas elétricos com a aeronave da WebJet. Fiquei pasmo com a tranquilidade que o piloto proferiu as palavras pane elétrica. É claro que, se o avião tivesse caído, a culpa seria toda do Gustavo. Após mais meia hora no Salgado Filho, toda passada dentro do avião, e depois dos devidos reparos técnicos, decolamos novamente rumo a Curitiba - bem mais temorosos.

Curitiba: graciosas três horinhas esperando o voo das 23h para ir a Maringá. Tempo dedicado ao "jantar" no Giraffas do aeroporto e aos deboches dos guris sobre os minhas ambições de estudar em Harvard (jamais devia ter levado aquela revista Época falando sobre os sucessos da Tabata de Pontes). No embarque para Maringá, o voo da Gol (no avião da Varig) teve o rating médio sensivelmente aumentado: dividimos o avião com o MI Roberto Molina - ah se eu soubesse que perderia para ele dois dias depois...

Maringá: o assalto! Todos os seguintes profissionais se enquadram na categoria de ladrões: cambistas, políticos, banqueiros, políticos, bicheiros, plagiadores, políticos, e os motoristas de táxi de Maringá - é claro que trata-se de um comentário de brincadeira (mas R$ 40,00 de táxi por 5 Km é roubo!). Depois disso, nos instalamos confortavelmente no quarto 01 do Hotel Astória. As instalações do hotel são muito boas, diárias bem em conta, e os funcionários muito gentis e atenciosos. Recomendo o Astória a quem visitar Maringá.

Fazendo a análise da cidade, preciso dizer que fiquei deslumbrado com a cidade canção. Ruas bem cuidadas, bonitos lugares, bastante árvores, infra-estrutura impecável e, o principal, moças maravilhosas. Inclusive desconfiei que elas fossem gaúchas devido a tanta beleza. Que corpos! Bem, mas estou divagando...

A Catedral de Maringá, cartão postal da cidade.

Nossa atuação no torneio foi bem dentro da nossa realidade. Anderson e eu fizemos 5,5 de 9 pontos possíveis, ambos com 5 vitórias, um empate e 3 derrotas, sendo que dessas derrotas duas, uma para um de nós, foram para jogadores top no torneio: Anderson perdeu na 2ª rodada para o GM Everaldo Matsuura e eu perdi, na mesma rodada, para o MI Roberto Molina - Anderson na mesa 4 e eu na mesa 5; por causa do rating, joguei uma mesa atrás do Anderson o torneio inteiro e, por incrível que pareça, até que ele não me deu tanto azar. Bruno e Gustavo, por outro lado, jogaram pior do que nunca. Terminaram o torneio com 4,5 pontos cada um. Pelo menos, como prêmio de consolação, tanto Bruno como Gustavo conseguiram fazer seu bloco inicial de partidas para o Rating FIDE. Na verdade, fazer o rating dos guris foi um dos motivos principais de termos ido a Maringá. No final, eu fui o melhor da equipe no torneio, ficando na frente de Anderson, o 2º, no desempate. Em 3º ficou Bruno, que venceu Gustavo, o último de nós, também no desempate.

Alguns amigos nossos aqui do Rio Grande do Sul também foram jogar o torneio. Direto do Metrópole Xadrez Clube, estavam presentes Felipe Menna Barreto, Marcio Bidigaray e Dayan Deste. Dirney Cantini, General Jorge Boabaid e Natanael Noronha também representaram os pampas gaúchos.

Felipe Menna Barreto só chegou no segundo dia de torneio - vantagens do Bye ausente. Com ele passamos mal bocados para conseguir  comer uma pizza. O horário da rodada da noite dificultava, e muito, o jantar dos enxadristas, assim como o horário da rodada da manhã tornava quase impossível o almoço. A rodada noturna terminava lá pelas 23h30, mas daqui que o ônibus da organização chegasse ao centro (o ginásio onde ocorreram os jogos era afastado do centro) já passava da meia-noite. Quando chegávamos as portas da pizzaria a resposta era certa: já encerramos por hoje! Inveja do Matssura, Tsuboi e Vanessa Feliciano, que comiam uma maravilhosa pizza na mesa da calçada enquanto recebíamos uma negativa da garçonete. Vantagens de ter carro e chegar cedo... E assim foi na quinta e sexta-feira. Todavia, no sábado a rodada começou 3 horas mais cedo, às 16h, de forma que a pizza não escapou dessa vez. Que sabor!

Entre os desafetos, os nossos amigos de Joinville, a família Hille, aumentaram seu escore em cima da nossa equipe: Walter-pai faturou Gustavinho na 2ª rodada. O mesmo Waltercler podia ter arrancado o ponto de Felipe Menna Barreto um pouco depois no torneio - um final de bispos que gerará pesadelos. Felipe se escapou de uma baita enrascada de forma quase criminosa. Acontecimentos do esporte... Abraços aos nossos amigos Hille!

Para mim, em particular, uma das partes mais importantes nas viagens que realizamos para jogar xadrez é o intercâmbio cultural, assim como fazer amigos. Pensando nisso, destaco nosso contato com os enxadristas do Instituto Federal do Mato Grosso / Campus Cuiabá, liderados pelo Prof. Jesus. Nossos colegas mato-grossenses se mostraram muito simpáticos e divertidos. Trocamos várias impressões entre as atividades enxadrísticas realizadas nos nossos campi, pois afinal tanto nós como eles usamos a prática do xadrez como ferramenta pedagógica e educacional nos alunos do Instituto. Nossos planos para o ano que vem incluem visitar o campus deles para estreitar nossa relação e iniciar uma promissora parceira no xadrez. Meus melhores votos para os amigos mato-grossenses!

Foto sem o Prof. Jesus

Foto com o Prof. Jesus (com a camiseta azulão)

Domingo, após o fim do torneio, os guris jantaram pela última vez em Maringá saboreando um XIS Bruto - nada mais adequado para enxadristas que executam lances de uma brutalidade surpreendente... ou pelo menos é o que eles pensam. Apesar do XIS Bruto ter gerado uma surpresinha na segunda-feira de manhã, partimos de Maringá trazendo maravilhosas recordações e muito mais experiência, e resistência, de jogo. Somos menos patos agora.

Lamentações: perdi 10 pontos de Rating FIDE. Buááááááááááááááááá!!! Mesmo assim, tentaremos estar lá na edição do ano que vem.

Roger Minks

Informações técnicas, partidas e resultado do torneio, confira a página no evento no Chess Results.

Fotos e outras informações, veja o blog oficial do torneio.