- Veja também as análises de Patroclo sobre as partidas do Campeonato em http://cruzeider.blogspot.com.br/2012/11/arthur-ruiz-patroclo-respeitem-esse.html
Nome completo: Arthur Ruiz Patroclo
Cidade Natal: Porto Velho - RO
Idade: 21 anos
Rating FIDE: 2132 (novembro 2012)
Logo após o título houve confusão a respeito de teu Estado e cidade natal. Onde tu nasceu?
Eu nasci em Porto Velho RO dia 19 de outubro de 1991, mas a partir 2002 vivi em Aracaju SE.
Onde tu reside atualmente e por quê?
Eu moro em Pelotas.Vim para cá pelo ENEM.
Que faculdade tu está fazendo? Qual universidade?
Faço Artes Visuais (Bacharelado) na Ufpel.
Que relação tu faz do xadrez com o teu curso?
O meu curso tem muita relação com o xadrez. Afinal xadrez é uma arte rsrsrs. Meu pai sempre comentou comigo sobre Marcel Duchamp, o artista que abandonou tudo para dedicar-se ao xadrez e revolucionou a arte do século XX.Duchamp dizia: "Percebo que poucos artistas são enxadristas mas todo enxadrista é um artista." Lá na faculdade como no xadrez o que diferencia um do outro é o tipo de insanidade.
Comotu aprendeu a jogar xadrez?
Aprendi com meu pai, mas não era bom no jogo e tinha dificuldade de concentração.
Cheguei a ter 2 aulas com um rapaz em Porto Velho que não me lembro o porque, mas ele era campeão de lá na época e me falou sobre a importância do centro.
Tive aulas com a Professora Clara em Aracaju. O que me impulsionou no aprendizado foi o PerssonalChesstrainer do Gilberto Milos. Tinha uma versão em casa, depois de começar a estudar por esse método (muito bom para mim naquela época que como disse tinha dificuldade de raciocínio e só contava com disciplina e força de vontade, repetir a posição várias vezes me ajudava a entender melhor). Depois de usar por alguns meses esse programa chamei a atenção de Chico Pitanga, uma pessoa fantástica que adora o xadrez, além de sempre me motivar, me contava muitas histórias sobre enxadristas famosos e me convidava para jogar com os mais velhos nos bares. Chico me apresentou a Goes, um senhor muito alegre que perdeu várias tardes comigo praticando “lance do mestre” e me ensinou a amar a Dragão.
Quem foi teu maior incentivador?
Minha mãe sem dúvida. Sempre gostei de participar de competições, mas quando novo quase nunca ganhava. Estudei 5 anos de tênis de mesa,mas nunca fui bom. Quando comecei a estudar xadrez e participar de torneios aos 13 anos, sempre nos primeiros torneios perdia e voltava revoltado, minha mãe sempre me disse que deveria aprender a controlar a minha raiva e aprender a aceitar as frustrações (sempre tive problemas de gastrite). Ela me levou a muitos torneios e sempre paciente no retorno me ouvia, consolava e me dizia para estudar mais, confiando só nas minhas experiências.
Como tu costuma treinar?
Eu hoje em dia não tenho uma rotina de estudo, faço exercícios táticos e estudo finais (um gosto que não sei de onde veio). Geralmente jogo partidas rápidas na internet e só estudo de maneira séria quando vou mal em um torneio, ou perco de maneira desastrosa. Faço às vezes também exercícios do midllegame da convekta.
De que forma te preparou pra jogar o brasileiro?
Na semana anterior do Brasileiro estudei 40 horas totais,totalmente focado em melhorar a concentração e seriedade com que encararia as partidas e estratégia. Além de muito exercício tático. Até cometi uma grave erro no estudo daquela semana que não tinha jogado, só estudado e praticado, a prática real faltou e todos os enxadristas sabem o mal que é estudar sem jogar. Reli rapidamente. "Meu Sistema”, "Xadrez Vitorioso Estratégia”, estava muito revoltado com o xadrez ridículo que apresentei nos Jubs e tive a sorte de que pela greve minha universidade teve o calendário todo mudado e o mês de outubro não teve Aula.
Ao iniciar o torneio, tu tinha como foco o objetivo de se sair campeão?
Não, meu único foco era ficar entre os 5 colocados para ter dinheiro para jogar a Semi-final do Brasileiro região 2. Minha ideia era ir de lá de Forquilinhas para Vitória de ônibus e aproveitar no ônibus preparar o repertório de abertura que ia usar no torneio. Quando chegasse lá mendigaria para o Rodrigo Borges um pedaço do seu quarto, já que ele ganhou hospedagem em Dois Irmãos.
Quando tu percebeu que o título brasileiro poderia ser teu, como tu te sentiu?
Meio pressionado, mas tinha como foco os 5 primeiros,quando ia jogar com um dos mestres fazia uma oração interna (o que importa é o tabuleiro, ele não importa, o que importa é como está o tabuleiro). Meu maior medo era não ficar entre os 5. Comecei a pensar o tão frustrado ia ficar se não ficasse entre os 5. Tinha uma motivação oculta, queria impressionar uma certa guria importante para mim em Novo Hamburgo.
E depois que tu confirmou o título, qual foi a primeira coisa que veio a tua cabeça?
Tenho que ligar para minha mãe, preciso dizer para ela que seu filho ainda pode ser o Super- Homem que dizia que seria quando tinha 5 anos.
Tu superou jogadores fortíssimos e experientes ao longo do torneio, que característica do teu jogo tu acha que fez tu te sair vitorioso nesse torneio?
Meu meio jogo nesse torneio estava bem consistente (diferente do Jubs). Conseguia entender bem o que a posição pedia e controlei bem o tempo também.
Qual foi a partida mais especial do torneio? Por quê?
A minha partida contra o Disconzi. Ambos estávamos com 5 pontos e quem ganhasse seria o novo líder do torneio. Foi uma partida bem caótica usei um ataque índio do rei não ficando muito bem na abertura, sendo que hora um tinha a vantagem na mão, depois passava para outro. A partida teve 3 ofertas de empate durante. 2 dele e 1 minha e nenhum dos 2 parecia querer admitir para o outro o risco de perder.
Gostaria de dedicar a alguém esse título?
Gostaria de dedicar esse titulo a todos aqueles que não se importam com o próprio rating, muito menos de seus adversários. A todos aqueles que não temem o risco, que jogam xadrez porque amam e agradecem pela honra que é ter conhecido esse jogo durante a vida. E a todos aqueles que trocariam tudo isso por um sorriso de guria.
(Fonte: http://cruzeider.blogspot.com.br/2012/11/entrevista-com-arthur-ruiz-patroclo.html)
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